quinta-feira, 30 de junho de 2016

"O Engenheiro de Bioprocessos e suas diferentes possibilidades de atuação" - Entrevista com Willer Ferreira, Líder de Bioprocessos na empresa Libbs.

O CAEB, com suporte e apoio de colaboradores - a ex-aluna Lorena de Oliveira Felipe e o Prof. Igor Boggione - lança o Projeto "O Engenheiro de Bioprocessos e suas diferentes possibilidades de atuação". O principal objetivo dessa iniciativa consiste em estimular os estudantes da Engenharia de Bioprocessos sobre as inúmeras possibilidades de atuação profissional, além de promover o estreitamento das empresas com os alunos para futuros estágios e/ou parcerias. Para tal, entrevistas mensais com Engenheiros formados no curso da UFSJ/CAP serão divulgadas no Blog e na Rede Social do CAEB, com o intuito de mostrar a alocação desses profissionais nas mais diversas áreas. Em última instância, o lançamento desse projeto também pretende fortalecer o nome da UFSJ enquanto formadora de bons profissionais para o mercado de trabalho.
Na estreia do Projeto, começamos nossa série de entrevistas com o Engenheiro de Bioprocessos recém-formado no CAP -  Willer Ferreira da Silva Júnior, 23 anos – que, atualmente, ocupa o cargo de Líder de Bioprocessos na empresa Libbs. A Libbs, por sua vez, destaca-se como uma das mais importantes indústrias farmacêuticas do Brasil, com sede administrativa no estado de São Paulo e uma produção anual estimada em mais de 50 milhões de unidades de medicamentos. Além disso, a Libbs conta com mais de 2500 colaboradores, investe 10% do seu faturamento em P&D, perfazendo mais de meio século de atuação industrial nacional.
Confira então abaixo essa primeira entrevista, afirmamos que vai valer a pena!

Figura 1 - Willer Ferreira da Silva Junior: Engenheiro de Bioprocessos recém-formado na UFSJ/CAP e que atualmente, ocupa o cargo de Líder de Bioprocessos na Libbs (uma grande indústria farmacêutica).

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA: PROJETO "O Engenheiro de Bioprocessos e suas diferentes possibilidades de atuação"



Dados pessoais 

1.               Nome completo: Willer Ferreira da Silva Junior
2.               Idade: 23
3.               Ano de conclusão do curso: 2015/2
4.               Empresa que trabalha/Universidade de Pós-Graduação: Libbs Farmacêutica



Graduação: Engenharia de Bioprocessos

1.               Por que escolheu o curso de Engenharia de Bioprocessos?
Devido a sua interdisciplinaridade. Não sabia ao certo as atribuições e áreas de atuação do Engenheiro de Bioprocessos, mas quando olhei a grade curricular do curso, fiquei apaixonado, pois havia disciplinas de química, física, matemática e biologia (tudo o que eu mais gostava no ensino médio).

2.               O que motivou a sua escolha pela UFSJ/CAP?
Na verdade, o CAP me escolheu (e eu o escolhi, no final das contas). Em 2009 a minha meta era começar um curso de graduação em uma universidade pública, independentemente de onde fosse. Fui aprovado em outra universidade federal, mas o curso de Engenharia de Bioprocessos me interessou mais.

3.               Participou de atividades extracurriculares durante a graduação? Caso sim, o que fomentou essa sua pró-atividade em buscar uma experiência além da sala de aula?
Sim. Minha motivação foi aprender ainda mais e ver a aplicação do que estudava nas disciplinas, além do interesse em enriquecer meu currículo para quando fosse para o mercado de trabalho. E tudo isso realmente se concretizou; oportunidades surgiram graças aos trabalhos que desenvolvi com meus padrinhos José Carlos, Daniela Fabrino, Bruna Mara e Edson Nucci.
Iniciei minha primeira iniciação científica com o Prof. José Carlos, com o qual trabalhei por 3 anos. O trabalho que começamos singelamente a desenvolver em 2010, cresceu, recebeu prêmio de destaque de IC na Escola de Verão em Farmacognosia e deu origem a outros projetos financiados pela FAPEMIG, além de artigos em congressos e revistas científicas.
Enquanto aluno de IC do meu amigo e “pai” José Carlos, ingressei no PET DPCFC, cuja tutora é a Dani, como bolsista do MEC. Aprendi muito durante esse período e abri minha mente sobre a importância da interdisciplinaridade e minha responsabilidade para com a sociedade, além da força do trabalho em equipe e a importância do alinhamento dos valores dos “colaboradores” para se atingir as metas da instituição (PET, empresa, ONG, etc).
Mais tarde, senti a necessidade de adquirir experiência em outras áreas e aprender ferramentas para simulação, modelagem e otimização de processos (minha paixão na engenharia); então comecei a trabalhar com a Bruna Mara em um projeto de otimização da purificação de IgY (hoje trabalho no setor de purificação de anticorpos monoclonais) com bolsa da FAPEMIG. Com intuitos similares, desenvolvi meu TCC sob a orientação do prof. Edson Nucci nas áreas de projeto e cinética de reatores, modelagem e simulação de processos. Essa experiência me proporcionou a oportunidade de aplicar e integralizar as disciplinas que cursei na UFSJ/CAP.
Também tive o prazer de fazer parte da Empresa Júnior do curso – a ATP Jr. -, o que me deu uma ideia mais clara sobre o ambiente que encontramos nas empresas, além de ter desenvolvido minha capacidade de lidar com profissionais e conflitos, liderar pessoas e projetos no ambiente corporativo.

4.               Quais as principais características de desenvolvimento – tanto pessoais quanto profissionais - você considera fundamental para um aluno de graduação?
Primeiramente o amadurecimento quanto pessoa, que se preocupa com os outros e com o meio ambiente e está ciente dos impactos das suas ações na esfera global. Além disso, a autonomia, a proatividade e a (auto)reflexão são importantes tanto pessoal, quanto profissionalmente. A autonomia nos estudos, a iniciativa em construir uma universidade melhor, executando projetos (às vezes independentes) e a ponderação sobre a conectividade e a aplicação do que é estudado, desenvolvem nos alunos habilidades úteis no mercado de trabalho.



Formei: e agora?


1.               Qual o caminho que você trilhou após a conclusão da graduação? O que te levou a isso?
Fui para a produção, na indústria. Me apaixonei pelas disciplinas de engenharia no final do curso e sabia que queria seguir a área de engenharia de processos trabalhando com simulação, controle e otimização de processos; queria de alguma forma vivenciar as operações unitárias e a dinâmica da produção. Além disso, certa frustração com a distância entre o meio acadêmico e o mercado profissional me fizeram decidir por não ir para a pós-graduação imediatamente; dessa forma poderia adquirir experiência na indústria para compartilhar com futuros alunos (caso decida ser professor no futuro).

2.               Atualmente, qual a posição que você ocupa?
Líder de Bioprocessos na empresa farmacêutica Libbs.

3.               Como foi a forma de ingresso na empresa/instituição que você está agora?
Vi o anúncio da vaga no LinkedIn e me candidatei no site da empresa. Fui chamado para uma entrevista e posteriormente recebi a confirmação da aprovação.

4.               As matérias teóricas vistas em sala de aula, tanto do ciclo profissional quanto do ciclo básico já foram demandadas por você na sua atuação prática hoje no mercado de trabalho?
Sim, tanto no meu estágio quanto no meu atual trabalho. Embora geralmente tenhamos alguns “tutores” no trabalho, ter uma base sólida de conhecimento na área ajuda o profissional a entender os processos de forma rápida e propor soluções/alternativas para os mesmos.
Durante meu estágio, utilizei conceitos de microbiologia (geral e industrial), cinética e cálculo de reatores, mecânica dos fluidos, cálculo(s), bioquímica, análise instrumental,  separação e purificação de produtos biotecnológicos, instrumentação e controle de bioprocessos, biologia molecular. Creio que enquanto Líder de Bioprocessos, usarei conceitos de todas as disciplinas.
Quando você é treinado sobre as medidas de prevenção de impacto ambiental, segurança do trabalho e projetos sociais da empresa, ou mesmo quando interage com seus colegas de trabalho (com diferentes experiências e histórias de vida), é impossível não relembrar de algumas discussões das disciplinas Ciência, Tecnologia e Sociedade; Meio Ambiente e Gestão para a Sustentabilidade (Matriz Aspecto e Impacto Ambiental, por exemplo); Indivíduos, Grupos e Sociedade Global, por exemplo.
Ainda, como trabalho com downstream (nesse caso, na purificação de anticorpos monoclonais), conceitos de separação e purificação de produtos biotecnológicos; operações unitárias; química analítica; análise instrumental; bioquímica básica; cálculos; estatística; estequiometria industrial; transferência de massa; materiais para a indústria de Bioprocessos; instalações industriais; instrumentação/controle de bioprocessos e eletrotécnica são frequentemente (ou eventualmente) algumas disciplinas requisitadas atualmente pela posição que ocupo no mercado de trabalho e que foram vistas em sala de aula ainda durante a minha graduação.


5.               Para chegar na posição que você ocupa atualmente, quais as atitudes que você tomou enquanto estudante e que considera essencial para ter chegado até aqui? Ter buscado conhecimento além do que é proposto na grade curricular do curso, ter me engajado em projetos na universidade, não ter desistido de aprender outros idiomas, ter sido fiel aos meus objetivos profissionais, ter buscado conhecer melhor a realidade da indústria (softwares, metodologias e processos utilizados nas empresas).


6.               Quais conselhos você dá para os alunos do curso e para os demais graduandos em geral?

Estejam abertos a oportunidades e reflitam sobre o que lêem e aprendem, entendendo o funcionamento dos princípios científicos (decoreba não). Participem de atividades distintas; cada uma delas lhes trará uma experiência e habilidade diferente que poderão ser diferencial na busca por um emprego. Reflita sobre suas aptidões e preferências definindo seus objetivos profissionais baseados na sua satisfação pessoal; se não for possível atingir seus objetivos profissionais agora, sejam pacientes e busquem meios alternativos para alcançá-los ou experimentem temporariamente outras opções, se preparando mais para os seus objetivos. Por último mas não menos importante: estudem inglês e outros idiomas; eles abrem portas (para o meio acadêmico, mercado de trabalho, para a vida).