O CAEB, com suporte e apoio de colaboradores - a ex-aluna Lorena de Oliveira Felipe e o Prof. Igor Boggione - traz mais uma entrevista do Projeto "O Engenheiro de Bioprocessos e suas diferentes possibilidades de atuação". O principal objetivo dessa iniciativa consiste em estimular os estudantes da Engenharia de Bioprocessos sobre as inúmeras possibilidades de atuação profissional, além de promover o estreitamento das empresas com os alunos para futuros estágios e/ou parcerias. Em última instância, o projeto também pretende fortalecer o nome da UFSJ enquanto formadora de bons profissionais para o mercado de trabalho.
Desta vez, Guilherme Rodrigues Macedo, 25 vem falar um pouco sobre como é ser um profissional atuante como cervejeiros da Cervejaria Nacional. A Cervejaria Nacional é uma fábrica bar 100% brasileira, localizada em São Paulo e oferecem cinco cervejas artesanais exclusivas.
QUESTIONÁRIO
PADRÃO DE ENTREVISTA: PROJETO “O
ENGENHEIRO DE BIOPROCESSOS E SUAS DIFERENTES POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO”
Dados
pessoais:
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1.
Nome
completo: Guilherme Rodrigues Macedo
2.
Idade:
25
3.
Ano
de conclusão do curso: Junho de 2015
4.
Empresa
que trabalha/Universidade de Pós-Graduação: Cervejaria Nacional
Graduação:
Engenharia de Bioprocessos
|
1.
Por
que escolheu o curso de Engenharia de Bioprocessos?
Naquela época, não sabia
muito sobre as profissões, sabia que queria alguma coisa relacionada com a área
biológica e a engenharia, por um momento pensei em fazer engenharia de
alimentos ou biotecnologia. Contudo, quando descobri que havia um curso de
Engenharia de Bioprocessos, tomei a decisão.
2.
O
que motivou a sua escolha pela UFSJ/CAP?
A influência por ter morado
em São João del Rei e por conveniência, ter achado um curso do qual eu tinha
interesse em Ouro Branco.
3.
Participou
de atividades extracurriculares durante a graduação? Caso sim, o que fomentou
essa sua pró-atividade em buscar uma experiência além da sala de aula?
Sempre busquei participar de
visitas técnicas, congressos e palestras quando tinha oportunidade. Tenho até
um caso interessante para compartilhar relacionado a essas atividades: “Uma vez
eu fui para um congresso internacional de biotecnologia em Curitiba, levamos
cerca de 18h de viagem e chegamos lá nos deparamos com assuntos bem complexos e
voltados para a profissionais mais qualificados na nossa área, como mestres e
doutores. Depois desse perrengue todo, cheguei à conclusão de que não havia
necessidade de ir tão longe e gastar muito dinheiro para ter acesso a um
conteúdo de qualidade”.
A partir desse momento então
passei a reconhecer o trabalho de Núcleos Acadêmicos da UFSJ/CAP como o PET, o DA,
o CA e as EJ’s. Isso porque eles costumam trazer palestras muito boas, mas as
vezes não valorizava essas apresentações.... Temos muitas iniciativas boas a
nossa volta, normalmente de graça, mas geralmente nos interessamos pelas coisas
mais difíceis, isso é muita bobagem.
4.
Quais
as principais características de desenvolvimento – tanto pessoais quanto
profissionais - você considera fundamental para um aluno de graduação?
O fator principal para
melhorar o desenvolvimento pessoal quanto profissional durante a graduação é a
instrução. Quando entramos na faculdade, não temos muita instrução de como as
coisas vão funcionar, o que deve ser feito, quais opções estão disponíveis e quais
meios são melhores para se desenvolver como profissional. Eu nunca fui um excelente aluno e como não
queria seguir a carreira acadêmica, assumi como verdade que desenvolver
pesquisa era só para quem queria seguir a área acadêmica, depois descobri que
isso não era tão verdade assim.
Na faculdade, temos diversas
oportunidades, mas as vezes elas parecem ser muito distantes, mas não são. Aos
poucos, presenciei colegas de curso ou amigos de repúblicas fazendo pesquisas
que iriam ser um diferencial para a carreira profissional e isso deveria ser
aproveitado por todos.
Ainda, eu costumo dizer que
durante a graduação você tem profissionais com uma bagagem técnica excelente
como os professores, bem como laboratórios caríssimos a disposição dos alunos. Entretanto,
todos nós deveríamos nos lembrar que não teremos mais essa oportunidade na
vida, exceto se for fazer um mestrado. E, infelizmente, a maioria dos alunos
não enxerga essa possibilidade ainda na graduação. O mercado precisa de
desenvolvimento tecnológico e na faculdade você pode começar a desenvolver uma
demanda de alguma área que tenha interesse.
Além da pesquisa, acho também
muito válido também qualquer experiência com as organizações do seu Campus e/ou curso, sejam elas o Centro
Acadêmico, Atlética, Diretório Acadêmico, PET’s, Grupos de Pesquisa e
principalmente Empresa Junior. Isso porque, nessas ocasiões você vai aprender a
trabalhar em equipe, ser cobrado em termos de prazo e qualidade, cobrar
pessoas, interagir com clientes e empresas. Enfim, nesse momento você vai
começar a desenvolver habilidades que todo profissional necessita. Assim sendo,
você se sente muito mais confiante para enfrentar o mercado.
Na minha trajetória tive a
oportunidade de fazer parte da ATP Jr. Empresa Júnior da Engenharia de
Bioprocessos e tenho certeza que cada minuto que eu passei lá dentro foi
fundamental para o meu desenvolvimento, aprendi muito sobre marketing,
estratégias, relações pessoais, ferramentas de processos e etc.
Formei: e agora?
|
1.
Qual
o caminho que você trilhou após a conclusão da graduação? O que te levou a
isso?
Eu optei pelo mercado
cervejeiro. Essa decisão foi tomada quando eu já estava para formar e começou a
bater o desespero de qual área seguir. Como um dos últimos vínculos com a
graduação é o TCC, resolvi desenvolver esse meu projeto de final de curso em
cima de uma área que me interessasse para aprofundar mais meu conhecimento. Portanto,
fiz o TCC focado na produção de cerveja artesanal.
Essa tomada de rumo foi
fundamental para que eu compreendesse mais sobre o mercado que eu queria seguir
e para me familiarizar com a área. Além do mais, eu pude passar a falar isso
quando mandei meus currículos para as empresas, para que os contratantes
soubessem que eu já tinha alguma afinidade com nicho cervejeiro.
2.
Atualmente,
qual a posição que você ocupa?
Atualmente sou um dos
cervejeiros da Cervejaria Nacional. Estou trabalhando na empresa há cerca de
seis meses. Nesse meio tempo já estou indo para o segundo curso
profissionalizante e dia-a-dia estou conseguindo me qualificar ainda mais
dentro da área pela qual eu optei e abracei como profissão.
3.
Como
foi a forma de ingresso na empresa/instituição que você está agora?
Depois da decisão de seguir
a área cervejeira, só me interessava estágio nesta área. Desse modo, fiz um
levantamento de todas as microcervejarias do país e encaminhei cerca de 50 e-mails.
Do montante de e-mail
enviado, apenas três empresas me responderam positivamente. Portanto, considero
que ter um objetivo nesse momento é um fator crítico e extremamente importante para
conseguir chegar aonde deseja e sonha-se.
4.
As
matérias teóricas vistas em sala de aula, tanto do ciclo profissional quanto do
ciclo básico, já foram demandadas por você na sua atuação prática hoje no
mercado de trabalho?
Sim, várias matérias já me
auxiliaram na produção de cerveja. Dentre as matérias mais recorrentemente
demandadas estão as disciplinas que envolvem a microbiologia e a bioquímica,
estequiometria industrial, transferência de calor, mecânica dos fluidos,
operações unitárias, física II, bem como as matérias de química e cultura de células.
5.
Para
chegar na posição que você ocupa atualmente, quais as atitudes que você tomou
enquanto estudante e que considera essencial para ter chegado até aqui?
Ter tomado a decisão de seguir
a área cervejeira e manter o foco nesse objetivo inicial. Ainda, cada empresa
tem sua realidade e suas operações definidas. Assim adquirir a prática com a
realidade da companhia que você vai trabalhar é só uma questão de tempo.
6.
Quais
conselhos você dá para os alunos do curso e para os demais graduandos em geral?
Mantenham um objetivo bem
definido ao se formarem, não adianta estar em um lugar aonde não queriam estar,
não adianta sair se capacitando ou fazendo pesquisa sem um objetivo. O mais importante
é fazer o que tem interesse, se não o risco de frustração é muito grande. Conheço
inúmeras pessoas trabalhando aonde foi conveniente naquele momento e não estão
engajadas com aquela causa. Não é possível que NENHUMA empresa desse mundo
compre a sua ideia, se não deu certo no Brasil, porque não procurar em outros
países? Quem te garante que não haverá portas abertas para vocês lá fora?
Comece a se direcionar para
a área de interesse a partir de hoje, as pequenas coisas já vão selecionando
alguns profissionais bastante promissores.
Abrace as oportunidades de
pesquisa, capacitação e desenvolvimento que a universidade oferece. Caso essa
oportunidade seja perdida no presente, depois isso pode custar muito dinheiro para
você no futuro.
Por fim, estude. Não há ninguém
que vai pagar mais caro do que você por cada matéria malfeita que você faz.