quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

VALE A LEITURA! Qual escolher? Diferenças entre Bioquímica e Engenharia Bioquímica


Quem nunca passou pela indecisão da escolha de um curso superior? Bioquímica, Engenharia Química, de Bioprocessos e Engenharia Bioquímica. Qual escolher? E por que? Pois é...Tendo em visto o lançamento recente do resultado do ENEM2015  e o texto sobre as diferenças entre bioquímica e farmácia, no texto de hoje iremos esmiuçar as diferenças e semelhanças entre bioquímica e estas engenharias. Então respirem fundo e boa escolha!



Antes de começar, precisamos definir alguns nomes: seguindo as diretrizes do CREA, denominaremos de Engenharia Bioquímica os cursos de Engenharia de Bioprocessos e Engenharia Biotecnológica. Já para o CRQ todos seriam considerados modalidades de Engenharia Química. (Dependendo da atividade desenvolvida, o engenheiro deverá estar atrelado ao CREA ou ao CRQ.. já o bioquímico é sempre atrelado ao CRQ).
Bem, em termos de origem, tanto a Bioquímica quanto a Engenharia Bioquímica foram geradas dentro de departamentos e escolas de química e engenharia química. Talvez por esse motivo, a diferença entre elas é análoga à diferença entre Química e Engenharia Química
embora trabalhem com o mesmo tema,  o Bioquímico e o Engenheiro Bioquímico atuam de formas diferentes!
A verdade é que, num primeiro olhar, os cursos podem até ser parecidos, mas apresentam diferenças que podem causar desilusões aos estudantes mal informados. Uma boa forma de tirar qualquer dúvida é procurar as atribuições que os Conselhos Federais podem fornecer para cada curso. Por isso, vamos pensar um pouco sobre a figura abaixo:



O Conselho Federal de Química (CFQ) pode conceder até 16 atribuições a um curso de ensino superior. Mas não se engane: aqui, quantidade não é qualidade! Não é porque um curso possui mais atribuições que ele é melhor que outro. Na verdade, o conjunto de atribuições de cada curso o direciona para uma determinada atuação. Pra facilitar mais ainda, resumimos abaixo: 
·         As diferentes e inúmeras carreiras do Bacharel em Bioquímica, podem ser encontradas aqui nesse link. Se você deseja saber como é ser bioquímico, você pode ver algumas entrevistas com bacharéis em Bioquímica ou acessar outras informações aqui.
·         Os  Bioquímicos Industriais são os bacharéis em Bioquímica essencialmente preocupados com a química da vida aplicada em plantas industriais. O ingressante no curso de Bioquímica deve cursar disciplinas específicas que garantem as atribuições do MEC dispostas acima e que são necessárias para a atuação na indústria.  As atividades deste bioquímico estão relacionadas a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos industriais (vacinas, alimentos, cerveja e biodiesel, por exemplo), no controle de qualidade de produtos e processos industriais, estudos de viabilidade técnico-econômicas, operação e manutenção de equipamentos e no tratamento de resíduos (águas e esgotos por exemplo). Caso tenha formação gerencial, poderá ainda planejar e supervisionar processos de produção biotecnológicas, gestão de projetos, análise de mercado e gestão de marketing, análise de patentes ou mesmo gestão de inovações. Neste caso, deverá ter em seu currículo disciplinas que o CFQ determina próprias para o profissional da química tecnológica: gestão e administração, processos fermentativos industriais, desenho industrial, operações unitárias e fenômenos de transporte, compondo cerca de 30 a 50% do seu currículo. Com isso, o Bioquímico Industrial acaba tendo um ótimo balanço entre disciplinas das áreas de biologia, química e física, próprios para uma atuação multidisciplinar dentro do ambiente industrial, realizando as atividades de 1 a 13 descritas acima.
·         Os Engenheiros Bioquímicos são essencialmente preocupados com os problemas de projetos e operações de plantas industriais. As atividades desta engenharia estão relacionadas ao projeto de plantas, dimensionamento de bombas, cálculo e dimensionamento de reatores, trocadores de calor, cálculo de perda de carga de tubulações, especificação de materiais especiais, etc.. Outra atividade muito importante é o cálculo e dimensionamento da dinâmica das reações. O Engenheiro Bioquímico deve em muitos casos usar (ou desenvolver) modelos destas reações para prever e dimensionar o tempo das reações ou o tempo de residência do reator. Note que nesta última atividade, o emprego dos modelos de cinética química é extensivo e relacionado fortemente com a Física e Físico-Química. Pode-se dizer que a Engenharia Química e Engenharia Bioquímica são, em realidade, uma engenharia "Física", no sentido que a maior parte de suas atividades (estimados uns 80% a 90%) estão relacionadas a Transferência de Calor, Mecânica de Fluídos, termodinâmica e cinética das reações químicas. Consequentemente, 80 a 90% da grade curricular serão destinadas a essas disciplinas e conhecimentos, contemplando as  atribuições 1 a 13, mas principalmente 13 a 16 do CFQ. Entretanto, como dissemos acima, não é porque um curso possui mais atribuições que ele é melhor que outro, ou mais apto para esta ou aquela atividade que possui em comum. Na verdade, as Engenharias são mais vinculadas as atividades 13 a 16 dentro do CFQ e aquelas que o CREA admite.

(Para efeitos de comparação de grades curriculares, como fizemos com o curso de farmácia, deem uma olhada nas grades deEngenharia de Bioprocessos da UFRJEngenharia Química da UFV e comparem com a grade da Bioquímica da UFV)
No entanto, nem tudo são flores de simplicidade! Um cuidado especial que o candidato deve ter é que inúmeros cursos de Engenharia Bioquímica, de Bioprocessos ou de Engenharia Biotecnológica apenas carregam o nome "engenharia" como uma questão de status e acabam tendo muito mais enfoque na bancada da ciência básica do que em processos industriais. Até mesmo aqueles com pegada industrial, apresentam mais um perfil de bioquímico industrial do que propriamente engenharia bioquímica. Nesses casos, é bom lembrar que o CREA e o MEC determinam um conteúdo mínimo para considerar um curso como “engenharia”, e o CRQ e o MEC fazem o mesmo em relação ao curso de Bioquímica.
Por isso, basta pensar: se você tem mais afinidade pela Química e Biologia ou se você tem mais afinidade por Física e Matemática. As primeiras são as bases da Bioquímica, enquanto que as últimas são as bases da Engenharia Bioquímica e da Engenharia Química. E entre essas duas, o Bioquímico Industrial acaba sendo uma opção mais balanceada de atuações, nos quais as afinidades por química, biologia, física e matemática podem ser colocadas em proporções semelhantes.
Por fim, a dica de ouro é: logo após decidir sua própria afinidade, leia a grade curricular dos cursos pretendidos, para evitar cursos que não estejam compatíveis com as diretrizes do MEC, sejam elas de Bioquímica ou de Engenharia Bioquímica! Estar em dia com essas diretrizes é o mínimo que um curso de qualidade deve ter, não é? 


Nesse texto, foram analisadas as grades curriculares de Engenharia de Bioprocessos (UFPR, UFRJ, UTFPR, Unesp, UFSJ), as grades curriculares de Engenharia Bioquímica (UERGS, USP-Lorena) e grades curriculares de Engenharia Química (UFRJ, UFPR, USP e UFV)

Disponivel em <http://bioquimicabrasil.blogspot.com.br/2016/01/diferencas-entre-bioquimica-e-engenharia-bioquimica.html?m=1>

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Com minióculos 3D, cientistas estudam visão do louva-a-deus para melhorar recursos ópticos de robôs



Universidade de Newcastle

Cientistas confirmaram por meio de experimentos que o louva-a-deus de fato enxerga em três dimensões e esperam, agora, que um estudo mais aprofundado da visão do inseto possa vir a gerar melhorias nos recursos ópticos de câmeras e robôs.
No estudo publicado na revista científica Scientific Reports, a equipe da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, aplicou nos insetos "óculos 3D", semelhantes aos usados por humanos no cinema, mas feitos com cera de abelha, para testar sua visão.
"Apesar de seus cérebros minúsculos, os louva-a-deus são caçadores com sofisticados recursos visuais que conseguem capturar uma presa com uma eficiência aterrorizante. Podemos aprender muito ao estudar como eles veem o mundo", disse Jenny Read, responsável pela pesquisa e professora de Ciência Visual da universidade.


Universidade de NewcastleImage copyrig

Um aspecto da visão de vertebrados, conhecido como estereopsia, lhes permite perceber profundidade e, assim, ver o mundo em três dimensões.
Isso se deve à forma como seus olhos funcionam. Eles têm pontos focais diferentes, e essa diferença serve de base para que o cérebro calcule a distância entre objetos.
Vertebrados são capazes disso pois têm um sistema neural mais complexo. Entre os insetos, que como outros invertebrados costumam ter sistemas visuais e neurais mais simples, o louva-a-deus é, comprovadamente, o único até hoje capaz de enxergar dessa forma, o que o torna um caçador muito hábil.
Óculos

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Sua visão 3D foi originalmente demonstrada em 1983 pelo cientista Samuel Rossel, da Universidade de Zurique, na Suíça. Mas o pesquisador usou uma técnica que só permitia exibir uma variedade limitada de imagens aos insetos.
"Apesar da estereopsia ter sido demonstrada em um invertebrado, o louva-a-deus, a ausência de técnicas para investigar essa capacidade em outros invertebrados impediu que houvesse progresso nesta área por três décadas", diz o estudo.


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Desenvolver óculos 3D em miniatura para o louva-a-deus permitiu exibir aos insetos qualquer tipo de imagem desejada, ampliando as possibilidades de pesquisa.
Mas enquanto os óculos usados por pessoas têm lentes nas cores vermelha e azul, a versão desenvolvida para o louva-a-deus tem lentes azul e verde, já que eles enxergam mal o vermelho.

Avanço



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No estudo, realizado ao longo de dois anos, foram exibidos vídeos de outros insetos se movendo na tela. Os louva-a-deus não atacaram as presas quando elas apareceram em duas dimensões, mas fizeram isso diante de imagens em três dimensões.
"Comprovamos definitivamente a visão 3D, ou estereopsia, do louva-a-deus e mostramos que essa técnica pode ser usada para estimular insetos virtualmente e em três dimensões", afirmou Read.
A equipe dará continuidade à pesquisa para analisar a percepção de profundidade visual por esses e outros insetos, além de desenvolver novas formas para que computadores e robôs enxerguem em 3D, segundo Read.
"Ao entender melhor como eles processam o que os olhos captam, podemos compreender como a visão 3D evoluiu, e isso pode levar a novos algoritmos sobre percepção de profundidade 3D em computadores."

Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160106_louvadeus_visao_3d_rb>