sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A nova arma transgênica para acabar com a malária

(Reuters)Image copyrightReuters
Cientistas americanos criaram um mosquito geneticamente modificado que pode resistir à infecção por malária.
Pesquisadores acreditam que, se os testes fora do laboratório forem bem-sucedidos, o inseto transgênico pode se tornar alternativa para impedir a transmissão da doença para os humanos.
Usando um método conhecido como Crispr, os cientistas inseriram um gene no DNA de mosquitos que impediu a infecção pelo protozoário causador da malária.
Quando os insetos procriaram, a prole herdou a mesma resistência dos pais, informou o estudo, publicado na revista científica PNAS.
Em teoria, se esses mosquitos picarem as pessoas, a doença não seria transmitida, acrescentaram os cientistas.
Cerca de 3,2 bilhões de pessoas ─ ou metade da população mundial ─ correm risco de contrair malária.
Telas de proteção, inseticidas e repelentes podem ajudar a conter os insetos e medicamentos são administrados a quem contrai a doença. Ainda assim, a malária mata cerca de 580 mil pessoas por ano.

'Papel primordial'

Cientistas vêm buscando novos meios para combater a malária.
A equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia diz acreditar que o mosquito transgênico poderia desempenhar um papel primordial em interromper a transmissão do vírus.
Para criar o inseto transgênico, os cientistas usaram um tipo de mosquito encontrado na Índia, o Anopheles stephensi.
De acordo com Anthony James, responsável pelo estudo, um novo código de DNA foi inserido no genoma do mosquito para torná-lo menos propenso a hospedar o parasita da malária.
O DNA, que inclui os anticorpos que combatem o parasita, foi herdado por quase 100% de todo a prole dos mosquitos e por várias gerações.
Os pesquisadores acreditam que as descobertas geram esperanças de que o mesmo método possa ser usado em outras espécies de mosquitos.
Embora não seja a única solução para erradicar a malária, o inseto seria uma arma adicional, dizem eles.
David Conway, especialista britânico da London School of Hygiene & Tropical Medicine, disse: "Não se trata de um produto acabado mas certamente parece promissor. Parece ser uma alternativa para este problemas por vias genéticas".
Outros cientistas pretendem usar mosquitos geneticamente modificados para deixá-los inférteis e, assim, erradicar a doença. Mas alguns especialistas temem que eliminar inteiramente os mosquitos pode gerar consequências inesperadas e não desejadas.
Nesse sentido, substituir os mosquitos transmissores da doença por espécies inofensivas é uma alternativa potencial.
Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151124_mosquito_transgenico_malaria_lgb>

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Cientistas descobrem mutação que torna bactérias imbatíveis por antibióticos


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Image captionPesquisa identificou um gene que torna bactérias infecciosas, como a E.coli, altamente resistentes à 'última linha de defesa humana' contra esses organismos
O mundo está no limiar de uma "era pós-antibiótico", alertam cientistas após a descoberta de bactérias resistentes a medicamentos da última linha de defesa humana contra infecções.
Um estudo divulgado na revista científica Lancet identificou, em pacientes e animais na China, bactérias que resistem à colistina, um potente antibiótico.
Os autores concluem que essa resistência pode se espalhar pelo mundo, trazendo consigo a ameaça de infecções intratáveis.
Especialistas afirmam que esse desdobramento precisa ser visto como um alerta mundial.
Se bactérias se tornarem completamente resistentes a tratamentos - o chamado "apocalipse antibiótico" -, a medicina pode ser lançada novamente em uma espécie de Idade Média.
Infecções comuns voltariam a causar mortes, enquanto cirurgias e tratamentos de câncer, que apostam em antibióticos, ficariam sob ameaça.

Mutação

Cientistas chineses identificaram uma mutação genética, denominada gene MCR-1, que permite às bactérias se tornarem altamente resistentes à colistina (também conhecida como polimixina), antibiótico geralmente usado como último recurso no caso de ineficácia de medicamentos.
Ela foi encontrada em um quinto dos animais testados, 15% de amostras de carne crua e em 16 pacientes.
Image copyrightRIA Novosti
Image captionA resistência foi descoberta em porcos, que costumam receber antibióticos com frequência na China
E a resistência se espalhou por um leque de cepas e espécies de bactérias, comoE. coliKlebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa.
Também há evidências de que a resistência já chegou ao Laos e à Malásia.
O colaborador do estudo Timothy Walsh, da Universidade de Cardiff, afirmou à BBC: "Todos os atores chave estão agora em campo para tornar o mundo pós-antibiótico uma realidade.
"Se o MRC-1 se tornar global, o que é uma questão de tempo, e se o gene se alinhar com outros genes resistentes a antibióticos, o que é inevitável, então teremos provavelmente chegado ao começo de uma era pós-antibiótico.
"E se nesse ponto um paciente estiver gravemente doente, por exemplo, com E. coli, não haverá praticamente nada a se fazer."
A resistência à colistina já havia sido detectada antes.
Contudo, a diferença desta vez é que a mutação surgiu numa forma em que é facilmente compartilhada entre bactérias.
"A taxa de transferência desse gene de resistência é ridiculamente alta, e isso não é bom", disse o microbiologista Mark Wilcox, do centro de hospitais universitários de Leeds, na Inglaterra.
O centro de Wilcox agora está lidando com inúmeros casos por mês em que "lutam para encontrar um antibiótico" - algo que há cinco anos seria muito raro, ele diz.
Para o microbiologista, não houve um evento a marcar o começo do "apocalipse antibiótico", mas está claro que "estamos perdendo a batalha".

'Intratável'

A preocupação é que o novo gene da resistência se associe a outros que assolam hospitais, produzindo bactérias resistentes a todos os tratamentos, o que é conhecido como pan-resistência.
"Se eu temo que chegaremos a uma situação de um organismo intratável? Basicamente, sim. Se acontecerá neste ano, no outro ou no seguinte, é muito difícil dizer", afirmou Wilcox.
Há sinais de que o governo chinês está agindo de forma rápida para combater esse problema.
Image copyrightScience Photo Library
Image captionA preocupação com a nova descoberta é a alta capacidade do gene da resistência de se transferir para outras bactérias
Walsh, da Universidade de Cardiff, terá encontros com os ministros da Agricultura e da Saúde da China para discutir um eventual banimento da colistina para uso na agricultura.
A professora Laura Piddock, do grupo de ativismo britânico Antibiotic Action, disse que esse mesmo antibiótico "não deveria ser usado em saúde humana e animal".
"Espero que a era pós-antibiótico ainda não tenha chegado. Mas esse é um alerta para o mundo."
Ela diz considerar que a chegada dessa era "depende da infecção, do paciente e se há tratamentos alternativos disponíveis", pois combinações de antibióticos ainda poderão ser efetivas.
Um comentário feito ao artigo da revista científica Lancet aponta que as implicações do novo estudo são "enormes", e a menos que haja mudanças significativas, médicos irão enfrentar "um número crescente de pacientes para os quais teremos que dizer: 'Desculpe, não há nada que eu possa fazer para curar sua infecção'".

Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151119_alerta_antibioticos_tg>

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Como os pinguins conseguem se manter aquecidos?

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A larva que come plástico e pode ter papel-chave em reciclagem


StanfordImage copyrightStanford University
Image captionInsetos transformam 50% do plástico que consomem em dióxido de carbono

Todo ano, centenas de toneladas de plástico são descartadas em todo o mundo, pondo em riscos inúmeros ecossistemas de nosso planeta.
Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 10% do plástico que se utiliza anualmente é reciclado.
Agora, uma equipe de cientistas da Universidade de Stanford, na Califórnia, acaba de apresentar um estudo que sugere uma solução, em um futuro próximo, para o grande problema da contaminação por plástico, substância que pode levar centenas de anos para se decompor.
A chave está em uma pequena larva de besouro conhecida como bicho-da-farinha (Tenebrio molitor). Os pesquisadores descobriram que ela consegue se alimentar de isopor, ou poliestireno expandido, um plástico não biodegradável.
Os pesquisadores descobriram que esses insetos transformam metade do isopor que consomem em dióxido de carbono e a outra metade em excremento como fragmentos decompostos.
Além disso, comprovaram que o consumo de plástico não afeta a saúde das larvas.
Isso os transforma em uma potencial arma de reciclagem de resíduos plásticos.
O segredo destas larvas está nas bactérias que elas têm em seus sistemas digestivos, com capacidade de decompor o plástico.
Segundo os autores do estudo - em que colaboraram especialistas chineses e cujos resultados foram publicados na revista Environmental Science and Technology - esta é a primeira vez em que se obtém provas detalhadas da degradação bacteriana de plástico no intestino de um animal.
A compreensão exata de como as bactérias dentro das larvas da farinha fazem esta decomposição dá origem a uma nova maneira de tratar os resíduos plásticos.

'Enfoque inovador'

"É um enfoque muito inovador para enfrentar ao enorme problema que representa a contaminação do plástico", explica Anja Malawi Brandon, doutoranda da Universidade de Stanford que participou da pesquisa.
"É preciso pensar de forma inovadora sobre o que fazer com todo o plástico que acaba no meio ambiente. Esse estudo está mudando a percepção de como fazer a gestão de detritos plásticos", disse Brandon à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"Foi demonstrado que o bicho-da-farinha é capaz de converter 50% do plástico que consome em CO2, o que é uma quantidade enorme."
Segundo Brandon, o grupo agora pesquisa outros tipos de plástico que podem ser decompostos pelas larvas.
"As bactérias em seus estômagos tornam possível essa degradação e poderiam ser capazes de degradar outros plásticos. Estamos estudando uma maneira de extrair essas bactérias e utilizá-las diretamente para tratar o plástico."
Brandon diz que os pesquisadores estão convencidos de que, na natureza, há outros insetos com uma habilidade similar à do bicho-da-farinha.
"Esperamos que este enfoque se converta em um futuro próximo em parte do sistema de manejo de resíduos plásticos."

Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151026_larva_poluicao_lab?ocid=socialflow_facebook>